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Faço uso das páginas dos jornais (apropriação) e da colagem (manipulação e intervenção
em recortes de imprensa), exploro esta técnica artística tanto para re/leitura
como para representação do mundo contemporâneo.
Aproprio-me das páginas dos jornais e intervenho
sobre as mesmas estendendo
(com um trapo) manchas de tinta negra (tinha da china com tinta acrílica preta)
bastante líquida de modo a possibilitar um elevado grau de transparência, isto
é, permitindo ao observador uma re/leitura, ainda que parcial, dos textos.
Estas
folhas de imprensa (sempre jornais portugueses visando a defesa da língua
portuguesa como património cultural da humanidade a preservar) quando colados
sobre a tela, articulam-se de modo a reescrever uma nova narrativa e
constituindo um jogo estético, quadro de anotações e um sem fim de ideias e
sensações. Uma torrente que impele a memória e a vivência construída de maneira
impulsiva e directa.
Os
jornais são também uma imagem da infância, o suporte que trazia a notícia mas
que, simultaneamente, servia, nas casas mais modestas, como elemento decorativo
dos louceiros das cozinhas negras da fuligem das lareiras.
Tal
abordagem prática passou a suscitar inumeráveis questões teóricas acerca da
composição gráfica/imagem (mancha gráfica) enquanto registo e forma de
expressão; da origem e desenvolvimento histórico da técnica do recorte e da
colagem; da colagem na história da arte moderna e contemporânea; do uso de
imagens fotográficas pela comunicação visual e pela publicidade e, particularmente,
acerca dos sentidos que uma mensagem visual pode produzir, entre outras.
Esta
pesquisa, iniciada em 1987, ainda como aluno da Escola Secundária Artística
António Arroio, desenvolveu-se inicialmente em forma de estudos exploratórios
tendo sofrido, ao longo de todo este tempo, um percurso processual de visível
sequência no plano das poéticas contemporâneas.
Com esta
pesquisa pretendo aprofundar o estudo da colagem para assim compreender o
processo de reutilização dos resíduos/folhas de jornal impressos e do registo
fotográfico transformado numa nova superfície: não é a reunião dos papéis
colados que faz a colagem, mas é o encontro de imagens que nos dá a colagem num
âmbito mais sensível da expressão dinâmica e da visão activa.
Por
outro lado, pretendo ampliar o universo da pesquisa desenvolvida até agora,
examinando também as especificidades que a imagem passou a ter, ao ser
enormemente apropriada e manipulada nos e pelos meios electrónicos disponíveis
na actualidade.
O
objectivo geral passa por aprofundar e desenvolver a minha pesquisa,
conferindo-lhe maior fundamentação teórica, atribuindo-lhe contornos
científicos definidos, vinculando-a mais directamente à linha de pesquisa sobre
a qual tenho vindo a desenvolver todo o trabalho em torno da pintura/colagem.
Sob o
ponto de vista dos objectivos específicos pretendo compreender em profundidade
os significados das mensagens visuais, realizar pesquisa bibliográfica pertinente
e desenvolver e estruturar um método didáctico de apropriação e intervenção em
imagens.
Para
isso ambiciono efectuar um estudo e investigação da colagem e o seu lugar na
História da Arte. Estudo/abordagem da obra de alguns artistas que utilizaram a
colagem ao longo da História da Arte (Picasso, Braque, Gris, Schwitters, Rauschenberg,
Warhol, Tapiès etc.) e saber o papel da imagem fotográfica impressa na
contemporaneidade. (A imagem fotográfica veiculada em suportes fixos: Jornais,
Revistas, cartazes, out-doors, etc.)
Todas as exposições foram, para mim,
muito importantes embora a última é sempre aquela que se reveste de maior
sentido. Já não expunha, individualmente, no Brasil desde 2004. Tive várias
oportunidades mas sempre fui adiando…
Mas quero dizer-lhe que amo o Brasil,
acredito neste jovem país e gostaria muito de viver e trabalhar aqui de forma
mais efectiva.
Há cerca de cem anos pai de minha mãe
casou, no Rio de Janeiro, com uma senhora de origem portuguesa indo viver para New
York. Meus tios mais velhos nasceram naquela encantadora cidade. A família
regressou a Portugal pelo que se perdeu a relação com os EUA bem como com o Rio
de Janeiro/Brasil.
Lembro a minha primeira exposição
individual, em Tondela, que por questões afectivas fiz questão que fosse nesta
cidade.
Com a exposição na Galeria Cândido
Portinari, em Roma, dei início a um processo de projecção além fronteiras.
Depois a minha exposição na Fundação Joaquim Nabuco, no Recife. Mais tarde a
exposição no Palácio da Abolição em Fortaleza; a exposição no Palácio das Artes
Como grande admirador da arte e cultura
espanhola, a exposição na Fundació Niebla, próximo de Barcelona, foi também muito
significativa para mim. É a casa do grande pintor catalão Josep Niebla e,
sobretudo, um grande amigo, um homem com uma enorme dimensão humana.
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