quinta-feira, 12 de janeiro de 2023


                                           José Brito, técnica mista sobre tela, 97 x 130 cm, 2009



                                           José Brito, técnica mista sobre tela, 65 x 81cm, 2011


sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

José Brito, técnica mista s/tela, 46x55 cm, 2005





José Brito, técnica mista s/tela, 70x90 cm, 2007


 

sábado, 24 de dezembro de 2022


José Brito, Técnica mista sobre tela, 190 x 97 cm, 2010 




quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

José Brito, 2016, técnica mista sobre tela, 97 x 130 cm 





Entrevista: 2011

Canal de Arte Contemporânea - Marcio de Oliveira Fonseca

 

Você poderia falar algo de sua vida pessoal?
Ex.: local e data do nascimento, profissão dos pais, escolas frequentadas, universidade, eventuais trabalhos.

Nasci a 6 de Setembro de 1958, em Lobão da Beira, Tondela, Portugal.

Filho de gente humilde, com o 4.º ano de escolaridade.

A minha mãe repartia as tarefas da casa com a vida do campo e meu pai era operário da construção civil.

Na escola da aldeia estudei até ao 6.º ano de escolaridade e partir daí encerravam-se todas as ambições académicas das famílias com mais dificuldades. Em Tondela, a 6 km, havia um Colégio Interno que era dolorosamente oneroso, ou o Liceu em Viseu.

Viseu ficava a uma distância superior a 20 km. O acesso ao autocarro, ficava a cerca de 3 km, era feito a pé, por um caminho de terra batida, pelo meio do mato, com bota de borracha por causa da água e da lama e lanterna a petróleo na mão para ver onde colocava os pés. Meu irmão mais velho ainda fez este esforço épico durante um ano mas o deslumbramento perante a cidade grande levou-o a faltar às aulas e consequentemente chumbar. A partir desse momento meus pais concluíram que não valia a pena insistir….

Todos aqueles que nasciam no interior do país, fora dos grandes centros urbanos, estavam condenados a ser força bruta de trabalho. Tínhamos no campo a oportunidade de trabalho, havia também uma pequena indústria ou então restava-nos a emigração.

A partir dos 12 anos comecei a trabalhar no campo e a partir dos 14 anos comecei a trabalhar como operário da construção civil.

O legítimo desejo de um trabalho mais consentâneo com as minhas ambições pessoais, sociais e afectivas levam-me até à capital.

Aos vinte anos, fixo-me em Lisboa e vou trabalhar para a Câmara Municipal como cantoneiro de Limpeza.

Vou varrer as ruas da cidade e particularmente as ruas que contornam o Liceu Gil Vicente onde ingressei como aluno em regime de horário nocturno. Uma das minhas professoras desde logo me começou por encorajar a seguir o caminho das artes. No ano seguinte, ela mesmo, trata da minha transferência para a extraordinária e admirável Escola Secundária Artística António Arroio. Dali sigo para a Faculdade de Belas-Artes de Lisboa onde me licenciei em artes plásticas/pintura. Mais tarde realizei o mestrado em História da Arte na Universidade Lusíada.